1 de dezembro de 2009

Garganta

Minha garganta estranha quando não te vejo; me vem um desejo doido de gritar. Minha garganta arranha a tinta e os azulejos do teu quarto, da cozinha, da sala de estar. Venho madrugada perturbar teu sono. Como um cão sem dono me ponho a ladrar. Atravesso o travesseiro e te reviro pelo avesso, tua cabeça enlouqueço, faço ela rodar. Sei que não sou santa, às vezes vou na cara dura, às vezes ajo com candura pra te conquistar. Mas não sou beata, me criei na rua e não mudo minha postura só pra te agradar. Vim parar nessa cidade por força da circunstância, sou assim desde criança, me criei meio sem lar. Aprendi a me virar sozinha e se eu tô te dando linha é pra depois te abandonar... Aprendi a me virar sozinha e se eu tô te dando linha é pra depois te abandonar!

Ana Carolina, Garganta.

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