24 de fevereiro de 2010

Sobre o segundo dia no cursinho

Hoje presenciei uma coisa que me assustou, mas o destino quis que eu visse. No pequeno intervalo de quinze minutos entre a terceira e a quarta aula eu fiquei com sede e fui beber água junto com uma garota da minha sala. Eu fiquei bebendo água e ela foi ao banheiro. Então, depois que bebi água, entrei no banheiro também só pra prender o cabelo. Cabelo prendido, me aparece uma pessoa segurando no meu braço que nem de longe eu conseguiria imaginar que encontraria: Raquel, do KK. Puxou conversa, começamos a falar, eu me virei e, no mesmo instante, a garota que antes estava atrás de mim (e ficou diretamente na minha frente quando me virei) caiu no chão, desmaiada. Eu pensei que a pressão dela tivesse caído ou algo assim mas, menos de meio minuto depois, ela começou a se debater muito fortemente, bater com força a própria cabeça no chão e espumar pela boca. Imediatamente uma meia dúzia de pessoas que estava mais próxima se jogou por cima do corpo da garota pra que ela parasse de se bater. Eu e mais alguma pessoa que estava lá perguntamos se não era melhor chamar um segurança. Quando a amiga dela disse que sim e a pessoa mais próxima da porta correu pra chamar o segurança, eu fiquei sem saber o que fazer. Nunca soube como proceder quando alguém sofre um ataque epilético. É claro que já tinha tanta gente em cima dela que eles nem precisavam de mim, mas eu queria ter podido fazer alguma coisa, mais que isso, ter sabido o que fazer. Mas o segurança chegou, disse pra todo mundo se afastar e segurou a cabeça da garota, para que ela parasse de batê-la no chão, e a deixou se debater o quanto quisesse. Então eu saí, junto com a garota com quem tinha ido (a Raquel deu no pé rapidinho quando viu o que tava acontecendo). Na sala, quando contamos o que tinha acontecido para as duas outras garotas que estavam sentadas com a gente, uma delas (filha de enfermeira), nos explicou direitinho como funcionava a doença que a menina sofria (falaram o nome, mas é complicado e eu não me lembro), que o coração dela dispára como quando a gente corre demais, só que sem motivo, mas o corpo não entende isso e convulsiona. E que isso também é causado pela parte emocional, muita alegria ou tristeza pode causar a convulsão, e que nesses casos não se pode fazer nada além de colocar alguma coisa na boca da pessoa pra impedir que ela engasgue com a própria língua, segurar a cabeça pra não bater no chão e esperar passar. Eu fiquei pensando que foi muito por acaso eu ter pemanecido no banheiro. Eu nem pretendia entrar, para começar, e quando estava pra sair aparece alguém do nada que eu não via há anos me impedindo de sair. Pareceu que eu fui meio impelida a assistir a cena. Sei lá, alguma coisa me guiando para aquilo. Ka, talvez. Foi bem chocante, fiquei tremendo a última aula inteira. Mas pelo menos descobri uma coisa: eu realmente não tenho estômago, coração, fígado e nem pulmão pra ser médica. Carreiras médicas riscadas na minha lista de possíveis profissões.

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