12 de janeiro de 2010
No escuro da noite
Deitada no escuro, sonolenta, acabo pensando nas coisas mais esquisitas. O engraçado é que sempre, nessas ocasiões, tenho a sensação de ser observada. Tenho a sensação de que algo vai me pegar. Bobagem da minha cabeça tomada pelo sono, é claro. Mas às vezes a minha cabeça consegue tornar tudo muito real. Como agora. Eu ouço os passos. Passos lentos, arrastados, como se a criatura não tivesse lá muita agilidade, assim como um zumbi. Eu ouço a sua respiração. Lenta, barulhenta. Eu vejo a sua sombra passando pela porta do meu quarto. Novamente, fecho os olhos e tento pegar no sono. Sempre funciona. Mas, de olhos fechados, continuo ouvindo o barulho da coisa. Até me surpreendo com a minha capacidade de imaginação. Quase posso tocar a coisa, tão perto. Hora de dormir, garota. Pare de imaginar coisas. Papai sempre me disse pra sair do mundo da lua e aprender a viver aqui na terra mesmo, que era o melhor pra mim. Mas acho que, depois de tanto tempo, o mundo da lua já está fincado na minha vida aqui na terra, porque estou sentindo a respiração da coisa bem aqui, no meu pescoço. No mínimo eu já peguei no sono e estou tendo um pesadelo. É isso. Essa dor horrenda no meu pescoço não é real. O sangue empapando os meus lençóis não é real. Essa sombra comendo da minha carne não é real. É tudo fruto da minha imaginação. Minha fértil imaginação. Eu não sabia que minha mente podia criar coisas assim. Isso assusta. Amanhã de manhã essa dor queimando no meu pescoço nunca terá existido. Eu nem vou me lembrar desse sonho quando mamãe me acordar pra escola. Espera, alguém acendeu a luz... Quem ta gritando? Mãe? Eu quase não consigo enxergar... O que é isso? Eu... Não estou acordando!
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